Apostei meu coração de novo. Eu abri e... Marco Negry

Apostei meu coração de novo. Eu abri e o coloquei em cima da mesa, é tudo que eu tenho. No começo sempre parece a primeira vez. Eu vou me apaixonando e esquecendo meus problemas, meus medos, minha insônia e minha insegurança. Deixo de lado tudo aquilo que me fez perder a fé no amor. E sempre parece a primeira vez. O meu corpo fica mais leve, as horas passam mais rápido e de repente consigo enfrentar qualquer coisa. Parece que finalmente aconteceu, é amor, vai durar. Depois de tanto colocar o meu amor em jogo, pela primeira vez receberei amor em troca. Sempre parece a primeira vez, até não parecer mais. Com o tempo a gente percebe que são muitas chamadas perdidas, são muitas coincidências, muitas desculpas – que você quer, mas não acredita. Então a insônia volta, a insegurança, o medo. Você volta a se fazer de forte para não admitir que seus amigos estavam certos, volta a sofrer em silêncio, volta a rezar para estar errado, mas não está. E então dói. Dói até você achar que não vai suportar, e suporta. Dói até achar que não vai sentir mais nada, mas sente. Dói até achar que não pode doer mais, mas dói. Dói até te consumir por inteiro. Dói até não doer mais. Não é a primeira vez. E não, quando uma relação dá errada não saímos mais fortes, saímos mais duros, mais frios correndo perigo de ter sido a última vez que você se deixou amar.