Paro o olhar no olhar da moça do... Thomaz Henrique Barbosa
Paro o olhar no olhar da moça do financeiro. É um segundo. Nem isso. É um milissegundo! — Não sei se quando eu a olhei, ela estava me olhando antes, ou, se ao olhá-la, ela pressentiu e me olhou, ato contínuo. Ou, ainda, quem sabe, não nos olhamos ao mesmo tempo? Essas coisas acontecem, não acontecem? Às vezes, sabemos lá o porquê, sentimos um arrepio na espinha, como se estivéssemos sendo espionados, e erguemos o olhar curioso a atento. Infalível! Há sempre um olhar a espreita, nos guardando. — Talvez o olhar dela estivesse a minha espreita. Talvez eu tenha estado a espreita dela. Talvez tenha sido um encontro de olhares tão casual quanto os que acontecem nos ônibus (mas nunca no metrô). Um milissegundo! Jamais saberemos.