Tiveste que partir cedo em... Ianca Lira
Tiveste que partir cedo em circunstâncias obscuras;
Negou-me um beijo; pude perceber o quão terrível eras.
Revi memórias passadas; tristes notas dramáticas da boca ecoam;
Puros olhos inocentes reprimidos por tua fatal indelicadeza.
Desconheço a incerteza que recobre os teus olhos;
Escura névoa que exala dos teus modos gentis.
Graves e furiosas estações que tu deixaste,
Presa à minha alma aflita; ainda tua.
Deixa-me e vai-te embora! Diga-me adeus!
Não me deixes a te esperar, quando tu não me queres.
Não te finjas; Peço-te só isto! Não me engane.
Tu expressa nestes teus olhos indiferença; fria e áspera.
Não me negues minha verdade, infinita sou;
Porque te ausentas tanto? Fale-me!
Posso juntar-me quando tu me destruíres.
Qual o motivo que me olhas? Não queres que eu te esqueça?
Quanto egoísmo! Tu queres todas que te tocam;
No teu ínfimo, queres também a mim; eu sei.
Mas eu nunca serei tua; não aceito tuas caras metades.
Um vapor de decepção assola meu corpo e sinto nojo de ti.
Tuas mãos; um dia acariciaram minha pele fria;
Enlaçaram meu corpo inerte e lânguido na floresta escura;
Tu sabias o que farias comigo; mesmo assim continuou.
E ainda continuas! Sabes fingir e mentir tão descaradamente!
Sei que tu não mandas em teu inconstante sentir;
Todavia poderia fazer-me o favor de negar-me teu ‘boa noite’?
Sejas um homem! Esquece-te que eu existo e deixa-me em paz!
Ser-lhe-ei profundamente agradecida. Adeus!