É que nosso relógio adianta, quando... Kevin Martins
É que nosso relógio adianta, quando nos vemos. De repente, as pessoas ficam chatas, as conversas ficam bobas, e nossos olhares já se entendem.
Ela chegou às 22:53 da noite. Disse:
- Vou ficar até 11 e meia.
- Ok! - respondi.
Foi embora 02:34. Se despediu com um beijo, levando todos os beijos que eu tinha guardado no bolso.
Conversamos coisas que só dois estranhos, conversariam. Consertamos coisas, que só nós consertaríamos - um no outro.
Da próxima vez, espero que também não seja breve. O tempo de um cigarro, já não é suficiente, lembro que me disse. Preciso remendar. O tempo do relógio, já não é suficiente, amor. Nem quero que seja.
Somos todos os cacos que juntamos um a um. Nossas cicatrizes ficam belas, num abraço. Num beijo, não consigo olhar mais nenhuma beleza, a não ser a tua, de estar comigo.
Somos livres - dentro dessa prisão. Podes ir, te é natural e precisa do teu tempo. Ache os homens errados, se divirta, erre, acerte, chegue com a cara amassada, durma já com ressaca, soluce poesias, ria de mim, lembre de me beijar.
Você lembra daquela sonho. Ainda sonho com ele.
Que possamos subir naquela pedra, olhar a natureza por cima das árvores, de mãos dadas, um beijo, um fogo, um cheiro, e você me dizendo que já não é um sonho.
Ainda não gritei aos quatro ventos, mas qualquer poesia sabe que eu te encontrei.