Dívidas de Karma Aos trinta e três e... J.W.Papa
Dívidas de Karma
Aos trinta e três e só me resta esta cruz pesada
esses olhos cheios de lágrimas
esse corpo (já) inadequado
que carrego a tanto tempo comigo pra todo lado que vou.
Só me resta esse corpo estranho que se veste de mim
e doura minhas retinas nos domingos de lua brilhante no céu.
Só me resta este peso extra que não me serve a nada,
quase um meu martírio, que trás consigo minh'alma
aprisionada em suas entranhas.
Só me resta esta minha alma, que segue calma
a espera de ser um dia realmente feliz.
Pra'lém desse corpo cansado, quase centenário
que segue aprisionado nesse mundo e se sente tão infeliz.
Se descobrisse um jeito, me livrava desse corpo
antes mesmo d'ele estar morto ou d'ele voltar a viver.
Seguia só, de braços dados com minh'alma
passo a passo, seguia pra longe de toda essa confusão.
Se pudesse, me despia desse mundo e nu mudava de direção
deixava de herança essa cruz pesada que carrego a tanto
e pisando duro, seguia firme marcando os passos no chão.
Se pudesse, caminhava pra longe dessa história vazia
cheia de dívidas de Karma.
Só caminhava, nem pra trás olhava!
Seguia em frente, pra longe de toda essa gente
que nem se vê ou vê alguém a sua frente.
Se pudesse, despiria o mundo de seus corpos mudos
lhes mostraria o brilho que trazem consigo em suas almas aprisionadas.
Se pudesse, despiria toda essa gente de seus corpos mundos
só pra que pudessem enxergar o que trazem por dentro
além do lamento desse intermitente refrão triste que ecoa agora.
Se pudesse, pagava a dívida do mundo
e livrava toda essa gente desse maldito karma.