Coisas da vida E finalmente a gente... Shigueo Nakahara
Coisas da vida
E finalmente a gente chega ao topo da montanha. Ufa. Parece até que nunca ia chegar este momento.
E então a gente olha em volta, contempla a paisagem e vive aquele momento.
Ao olhar para trás, vem em nossa mente tudo o que percorremos: o caminho, as subidas e as descidas, os bons momentos, os momentos difíceis, os momentos que pensamos em desistir, as pedras, os obstáculos, as flores, a paisagem, as chuvas, as tempestades, o nascer e o pôr do sol, as estrelas...
Tem também as pessoas que participaram: aqueles que te desejaram boa sorte, aqueles que não apareceram, aqueles que disseram que estariam ao seu lado até o fim, aqueles que aparecerem no caminho e atrapalharam, aqueles que apareceram no caminho e ajudaram, aqueles que estavam indo para outra montanha e seus caminhos se cruzaram e aqueles que decidiram caminhar ao seu lado.
E lá no topo da montanha, ao final dessa longa caminhada, percebemos como somos fortes e como fomos corajosos.
Lá no topo da montanha a gente compreende o que não conseguia compreender durante o caminho. E aí as coisas começam a fazer total sentido.
Então a gente recupera o fôlego e faz uma grande descoberta: que o topo daquela montanha não é o fim da jornada, não é a linha de chegada. Logo ali na frente tem um novo caminho, e depois tem um vale, e lá distante existe outra montanha te esperando, te chamando, te convidando a continuar, e você percebe que não adianta ficar parado, nem se lastimando pelo duro caminho que possa ter passado.
Percebe que aprendeu muito com essa jornada, pega a mochila que já estava tão pesada, e se permite jogar fora tudo aquilo que sabe que não usará na nova caminhada: tristezas, decepções, mágoas, cicatrizes, más lembranças, traições, medos, dúvidas, incertezas, raiva...
E numa decisão sábia, deixa na mochila somente aquilo que realmente lhe servirá: coragem, dedicação, felicidade, força de vontade, perseverança, fé, amor, esperança, boas memórias, garra, positividade...
E então percebe que já não está tão cansado ou em pedaços... está mais leve, mais forte, inteiro, e pronto para partir para a nova jornada porque permitiu libertar-se do que já não se encaixava, do que já não lhe fazia bem.
Um sorriso no rosto e aquele frio na barriga que vem quando partimos para algo novo e diferente, que jamais vivemos antes, mas com a absoluta certeza de que será algo grande e maravilhoso.
E no momento em que partimos, olhamos para o lado e vemos outras montanhas, e em cada uma delas estão aquelas pessoas que cruzaram nosso caminho, pois cada pessoa também tem suas montanhas para percorrer. Alguns deles acenam, outros estão muito distantes e há aqueles que já partiram para a próxima montanha.
O que será que nos aguarda nessa nova jornada? Quem será que vamos encontrar pelo caminho? O que será que vamos aprender? O que será que vamos viver? Será que vai valer a pena?
É quando percebemos que só encontraremos essas respostas caminhando. Caminhando e seguindo em frente.
Porque a beleza não se encontra somente na partida e nem só na chegada, a beleza está por todo o caminho, nas perdas e nos ganhos, nas experiências, nos momentos e nas emoções vividas.
A beleza está no nascimento, está no dia a dia, e também está no dia em que não poderemos mais seguir a estrada.
Enquanto houver caminho, caminhe!
Enquanto houver vida, viva!
Enquanto o coração bater, permita que ele bata bem forte!
E assim descobriremos o grandioso sabor e sentido de VIVER A VIDA.