Quando o limite passa da gente Dizem os... Cláudia Dornelles
Quando o limite passa da gente
Dizem os antigos que, para tudo, há um limite. Sim. É verdade.
Entretanto, para cada limite há "uma gente".
Há pessoas que se regozijam em se exceder nos seus limites.
Há os que são ilimitados na comida, no álcool, no tabaco, nas grifes, nos antidepressivos, nas drogas ilícitas, mas existe uma categoria que extrapola todas as outras: a de gente que é ilimitada na falta de limite.
Exercer a falta de limite do outro parece situação de estranha manifestação de autoafirmação. Se confirmam e reafirmam no momento em que alguém é testado e não passa no teste. Ou seja, se contrapõe à falta de limite e margeia a situação através do próprio senso do que seja limite, através de seus critérios, pondo fim ao que lhe era imposto goela abaixo.
Essa gente não se esquece dos seus limites. Simplesmente não aceita a opressão para satisfazer o senso ilimitado de falta de caráter de alguém.
Sim, estou convicta de que excesso de falta de limite, o sujeito dolosamente ilimitado, padece de ausência de caráter. Acostumou-se a não ter respostas à altura de seus excessos. E aqui, obviamente, não há referência aos quimicamente doentes, mas, sim, e bem frisado, aos emocionalmente ilimitados na sua ausência de respeito ao limite alheio.
Há pessoas que extraem o que há de melhor nas outras.
Há outras, entretanto, que se empenham em despertar o que há de pior.
E o despertar do pior, na maioria das vezes, pega o folgado de surpresa e o faz perceber que o freio para sua falta de bom senso recai sobre um espancamento no seu caráter através do limite que nunca lhe foi apresentado.
Mas a vida sempre cuida das apresentações. E como cuida.