Realidade A realidade, em si, a... ansioux
Realidade
A realidade, em si, a realidade de uma poeira cósmica orbitando o planeta Saturno, desta realidade a qual me refiro, não passa de um mar de tristeza absoluto sem um sentido ou propósito, realidade onde nós humanos somos apenas seres que se desligaram de suas origens naturais, como quando um filhote é retirado de sua mãe. A autoconsciência humana, foi uma tentativa evolutiva de auto compreensão do universo a cerca de si próprio, que acarretou em seres separados de sua própria perspectiva. Mas que, com o auxilio de métodos de distração, de ilusão e autoengano, conseguiu ocultar toda a verdade e criou sentidos para o enredo de sua própria vida. A TV, a música, a religião, os livros, são todos passatempos, mecanismos que desenvolvemos para que não nos voltemos a realidade, para que não nos atentemos ao vago aspecto da vida. Assim continuamos cegos, andando sobre um planeta qualquer, um lugar esquecido, resistindo mais um dia, e mais um dia e assim até o leito de nossa morte. Acordamos todas as manhãs e fazemos tudo outra vez, obedecemos nossos padrões e nossas rotinas, que nos massacram ou nos impõe a liberdade de escolha, que não nos dão nenhuma pista de que amanhã será o melhor dia de nossas vidas, ou o dia em que iremos deixar nossas marcas. Porém, nossas esperanças pessimistas ou otimistas, nos obriga a experimentar todas as emoções e sentimentos possíveis, que se revelam em dúvidas, incertezas e sorrisos, neste meio tempo paramos de observar o espectro da realidade pura, isso se estende até o óbito do ser. Neste que será o momento, em que o indivíduo percebe que mentiu para si mesmo a vida toda, mas que aquilo o manteve ocupado até o ultimo instante de sua existência, que o deixou vagar de dentro da esfera para o núcleo do átomo, escuro, que era no fim o mesmo lugar que habitava antes de nascer. Um nada absoluto, incompreensível para a tentativa humana frustrada de compreensão da totalidade do universo. Todas as lembranças, todas as crenças, todos os planos, todo o amor, dor, ódio, paixão, alegria, rancor. Tudo é deixado para trás quando as portas da vida se fecham. Havia tanto para se fazer. O tempo passou, e você não decidiu entre se iludir ou encarar a realidade e sofrer. Se você não amou ou amou, não fará diferença. É a dádiva da vida, quando todos partem, com o que acreditavam. A matéria orgânica pensativa, que se distinguia entre as superficialidades de sua sociedade e de sua era, de suas regras, e preceitos, dogmas, liberdade e restrições é transformada e incorpora em seus minúsculos fragmentos, estrelas, poeira ou outro ser vindouro. O negro e o branco, o pobre e afortunado, os tristes e cansados, os felizes e miseráveis. Que contavam suas histórias, deixaram escrito o rumo para seus irmãos da mesma espécie, e que nunca voltarão para contar como é, quando tudo se acaba.