Nossa vida é como um arquivo, daqueles... Emerson Mollin
Nossa vida é como um arquivo, daqueles que possuem gavetas. Nele, possuímos espaços que representam muitas pessoas, algumas que pouco incomodam, outras que ocupam um prédio inteiro. Bagunçadas ou não, parecem ter um valor sentimental significativo. Consideramos isso também como coisas ou objetos, porque aliás, achamos que é nossa propriedade, mas não são. Sabemos que as pessoas vem e vão, e teimamos em pensar que estarão conosco amanhã. Muitos espaços sempre estiveram vazios com teias de aranha aprisionadas no vão da alma. Ah e isso chega a ser até belo, parece não haver maldade, mas chegam pessoas novas e elas passam a ser parte do arquivo e, em algum momento, elas também vão embora. Sentimos-nos tristes, meramente abatidos por isso. Esse lugar já estava vazio antes, por que agora dói tanto olhar para essa gaveta vazia? Pelo simples fato de, antes, não haver vestígio algum dessa presença. Enquanto ela não existia estava tudo bem. A verdade é que você precisa escolher entre permitir que aranhas construam teias na sua alma por causa da solidão, ou fazer uma faxina depois que os entulhos foram arremessados para todos os lados.