Anjos silenciados a procura de um... Luana Portilho Godinho

Anjos silenciados a procura de um abrigo. Não de um qualquer.
Um abrigo que lhe seja dado ao menos por um minuto, ou segundo.
Anjos das ruas, procurando por alguém que lhe perceba.
Preso em seu desvaneio.
Invisível, inaudível, afundando lentamente sob um opressor.
Procurando por seus ligeiros passos a fim de nota-los.
Sentem fome. Fome da eterna carência existente em seu peito.
Que não se sacia por algumas moedas jogadas ligeiramente em suas mãos.
Mas por um simples e sútil olhar em sua direção.
Esse último domingo conheci um anjo. Que se chamava Célio.
Seu sorriso intimidava a todos. Afinal, ele tinha motivos para sorrir ?
De certo sim, nos braços do mundo recebeu de tudo um pouco.
Conversamos a respeito de algumas coisas.
Percebia uma satisfação e espanto ao mesmo tempo em seu olhar.
De certo não era acostumado com tantas delicadezas.
Mais aprendi do que ensinei. E me lembrarei como uma lição.
Lição que Cristo nos deixou.
Com este homem aprendi a olhar as coisas com mais calma.
A parar e reparar. A ir e voltar. A dar e a receber.
De uma coisa eu sei: Deus o colocou em meu caminho.
E com a mesma velocidade o tirou.
Deixando em minhas lembranças seu sorriso, suas histórias, súplicas e dores.
(Lc 10.25-37)