Amar, portanto, sempre Muitos são os... Alan Felipe Trindade de...

Amar, portanto, sempre

Muitos são os problemas em um relacionamento, mas o que andamos fazendo para mudar esse quadro diante da relação conflituosa?

Quem sabe um dia, até mesmo, as pessoas deixam de agir como “borrachas”, querendo apagar parte da personalidade de alguém a fim de torná-la mais aceitável. Sim! São coisas assim que desgastam qualquer relação. Todavia, será que vale a pena esperar que o outro mude? De fato, quem for gostar de alguém vai gostar do jeito que ela é. Por conseguinte, tem de compreender que entre as qualidades e os defeitos devera haver esse tal Amor, algo raríssimo, a bem dizer. Drummond retratou num verso de um de seus poemas, os seguintes dizeres: "o amor é feliz e forte em si mesmo". Ora, só quem o sente, o conhece. Afinal, não há outra forma de conhecer o amor se não amando. Entretanto, o que diriam do amor que dura apenas enquanto se deseja o corpo do outro? E quando envelhecermos, onde irá parar este amor?

No entanto, como nem a vida dura para sempre, se assim acreditamos, tampouco seria este sentimento. Desta maneira, as melhores coisas da vida um dia se vão com ela. Talvez, por este motivo, muitos ainda são os que reclamam da vida, lamentam sobre tudo e sobre todos. " - Para que viver por somente viver se, sobretudo, sofremos tanto?" Ah! Senhores(as), não cansem de fazer as perguntas, pois elas muitas vezes são mais importantes do que as respostas. De fato, nos questionamos muito. Pensamos na razão do porque fomos gerados para sermos depois jogados neste mundo hostil. Quanto à isso, há uma visão interessante retratada em parte de uma estrofe do poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos: “O Homem, que, nesta terra miserável,/Mora, entre feras, sente inevitável/Necessidade de também ser fera”. Diante de tais versos, fica evidente a visão de que tal mediocridade faz parte da nossa natureza. Apesar disso, decidimos por necessidade sermos seres sociáveis e, assim sendo, também nos é inerente os valores, os bons princípios e os sentimentos saudáveis, fatores estes indispensáveis para se viver em sociedade. Para tanto, dependemos uns dos outros para sobreviver e, talvez, por isso, criamos em nós a carência da presença de outros seres.

Porém, quanto à natureza moral, uma pessoa pode ter objetivos, interesses, enfim, personalidade distinta da de outra pessoa, e, como resultado, passa a se socializar com um grupo menor de pessoas, o qual compartilha dos mesmos ideais que ela. Assim, a fim de evitar sofrimentos vindouros, caberia a nós ir contra a conveniente estratégia de buscar alguém do mesmo grupo ou em troca irmos de encontro com o que impõe o confuso coração? Infelizmente ou felizmente, não se sabe ao certo, esta decisão não cabe à razão decidir, mas, à emoção. E de forma espontânea surge o amor. Preenchendo-nos do apego incessante a algo em que, muitas vezes, a razão insiste em desaprovar. Contudo, devemos sim dar amor, pois não há outra forma de recebê-lo se não o concedendo. Entregue-se, sem medir a incerteza de não ser correspondido, amando, por tal modo, de todo o teu sentimento e toda a tua verdade. O amor regozija-se com a verdade e cultivá-lo, também é cultivar a vida. Afinal, o amor dá sentido à vida.

Sócrates, no discurso de Diotima, uma personagem inventada pelo filósofo para falar com mais liberdade, relatou que “O amor seria a busca por algo que não se possui, que posteriormente define como a busca permanente do que é bom.” Haja vista tal citação, nos entregamos constantemente à procura da nossa felicidade, constituindo, assim, a busca pelo que nos faz realizados. Como o amor é fundamental à vida, ele também se faz necessário para a felicidade. Por conta disso, quem sabe, amamos tanto, ou será o contrário? Não obstante, este sentimento desmedido nasce irremediavelmente pelos sentimentos interiores que se levantam, não pelo objeto exterior que os despertou. Por este motivo, torno a mencionar que “o amor é feliz e forte em si mesmo”. Só quem ama sabe como é bom amar o amor. E como já questionado, o que aconteceria quando a velhice chegar e com ela for embora o desejo de almejar o corpo de seu parceiro que o acompanhara por tanto tempo? A resposta se faz simples como o nascer do sol a cada manhã. Mesmo que o dia se faça nublado, o sol estará lá, sempre, na sua infinita missão de ceder luz e calor à vida. Semelhantemente, incessantes deveríamos ser no trato do amor. Pois o amor é a luz e o calor que nós temos para conceder à vida das pessoas que mais queremos bem. Seria simples se diariamente tratássemos, este sentimento e as pessoas a quem o entregamos, com o valor devido. Reconheço que amar não é fácil e tal dificuldade nos deixa triste, ocasionalmente, quem dirá o sujeito que nunca amou provar o contrário e definir caminhos mais seguros para que a tristeza deixe de se fazer presente.

Não sou perito no assunto e tampouco um poeta que sabe tratar tão bem as palavras ao falar de amor. Mas aprendi, principalmente com a minha família, que quando os problemas surgem e, por consequência, o desejo para com o outro diminui, devemos reaprender a como cultivar o amor, sendo sabido que este nunca deixa de existir. Deste modo, apesar de qualquer circunstância, o que vai sempre restar é a afeição construída ao longo da vida. Se vão os corpos atraentes, mas o respeito e a confiança adquirida durante todo este tempo juntos é o que perdura. Mediante tal pressuposto, se procura razões para amar, encontre-as dentro de você. O amor existe porque você sabe o concebê-lo. Em suma, amar devera ser para toda a vida. Amar, portanto, sempre.

18 de agosto de 2012.