Por onde eu olho eu vejo deus... Será... Luanna Peixoto
Por onde eu olho eu vejo deus... Será que sou só eu que vejo tanto mal assim?
Em todas as causas, em todas as graças, em todas as súplicas, toda expressão vem adornada desse apelo místico, desse nome "poderoso" como se realmente essa palavra tivesse a força mágica de, se não ao menos mudar as coisas, justificar todas elas.
E de qual deus estão falando?.. Dependendo do contexto não fica difícil discriminá-los.
Aquele deus do impulso miraculoso, que repentinamente aparece na vida das pessoas, que alguns utilizam como sala de espera, outros como um consultor pessoal invisível; esse deus que coloca a pessoa em posição de pecado constante para que daí ela o considere incrivelmente bom, pois ele perdoa, salva e mais, muito mais: ele te torna infnito! Esse é o deus da fé.
Eles ainda não sabem que a fé não impede o fim.
Aí tem um deus tranquilo, geralmente feminino; de muitas formas, formas diferentes das nossas; este rege, governa mas não julga, direciona como um bom flanelinha; ele canta, dança, tem consigo uma inclinação pra festas ao sol, à lua. Esse deus é um amuleto.
Amuleto geralmente é uma peça bem pequena, fácil de perder.
Entre tantos, o deus que me causa maior repulsa é o deus das graças. As pessoas que anunciam esse deus geralmente só saberão falar de suas conquistas pessoais, mas não pode ser qualquer conquista, tem que ser do tipo milagre, do tipo que acontece com elas e com mais ninguém. Este deus é muito fotografado, exposto, tem "glamour". Este deus não existe! Nem na imaginação de quem o expõe. As pessoas que o utilizam sabem que não existe, mas é uma poderosa arma pra estética de sua moral, podem assim demonstrar toda sua arrogância e superioridade com humildade.
Tem mais deus por aí, muitos que eu ainda não vi.
Eu não gostaria de vê-los.
Toda vez que eu conheço um deus eu conheço um prisioneiro.