PODRIDÃO IMPOSTA Chovia com força... Isabel Morais Ribeiro...

PODRIDÃO IMPOSTA Chovia com força vidros Vermelhos de sangue Partiam todos os cristais Soltos da velha janela Tentava caminhar Sem ser cortado no vermelho Sangu... Frase de Isabel Morais Ribeiro Fonseca.

PODRIDÃO IMPOSTA

Chovia com força vidros
Vermelhos de sangue
Partiam todos os cristais
Soltos da velha janela
Tentava caminhar
Sem ser cortado no vermelho
Sangue de tinta
Entre as escritas letras pretas
Prosa sem medo
Sem o dever de suportar a dor
O cervo tremia do caçador
Predador ansioso da mente
Caçador de sonhos,
Perdido na vastidão das almas
De mãos sujas de barro
Lenços de asas que fazem voar
No novo cinismo rompendo o ócio
Na partida já pronta
Desmorona no queixo caído
Na barba desfeita do despeito
Entre o seio da incredulidade
Desespero da fome à noite
Lágrimas soltas de sangue
No sacrifício dos versos obscuros
Sangue no chão, onde o mal
Germina envenena e contamina
Infiltraram-se assim escravizando
As palavras, as letras
No vento gelado de intenções maldosas
Choviam punhais
Que nos feriam rasgando a carne
De poemas já livres
Da maldade, da podridão
Que era imposta nos nossos dias.