Estado de Guerra Caos. Por debaixo dos... Esthela Barbara
Estado de Guerra
Caos.
Por debaixo dos panos, tudo é permitido.
Livre arbítrio e bom senso:
coisas que não se vêem juntas há tempos.
Sede desorganizada
onde a fome come até o mais puritano dos homens,
onde a sexualidade é coisa a ser banalizada
e mostra-se tudo, ser doar-se nada.
Doa a quem doer,
não há porque se conter
se a incoerência já barra até a mais alta lei,
e nesse jogo de escravo-e-rei
todo mundo aqui é porco, aguardando pelo abate.
Bobo da corte, disseram a nós,
limpe os cacos que o sistema espalha
e alimente a engrenagem com tua própria alma.
Se assim não for,
excluem-se os meios
e a ti ficam as sobras.
E nessa cidade não tem mais árvores
mas sombra é o que não falta.
E por falar em falta,
(e toda a questão da água, do amor e do respeito)
excesso também não é saúde!
e a quem não souber dosar
peço que Deus acude,
porque quando a fome é muita
melhor mesmo é não comer.
Quando o desacordo existe
talvez a solução não seja o grito
mas sim o ficar calado
((muda-se algo entre berros?))
Porque é fácil enxergar no outro
o errado, o carrasco e o opressor,
e com o umbigo cheio de sujeira
prosseguimos colocando a culpa na areia.
A educação é falha mas a vida é professora.
Depender de opinião externa
é ignorar a própria consciência,
que bem sabe o que faz -
e digo mais:
não só pelo ato ou pelo efeito
mas também conhece a raiz e o conceito
então ela é muito apta a júri
que o olhar raso dos advogados do diabo,
que julgar eles bem sabem,
mas sem conhecimento de causa.