Quando nenhuma palavra pode descrever ou... Rafael Aguirra

Quando nenhuma palavra pode descrever ou nem tenho palavras para dizer, sinto a necessidade de escrever. Quando o branco da folha reflete a minha mente, sinto a necessidade de preenchimento. Quando sou banido da realidade, sinto o amortecer das dores. Quando sou banido das minhas ilusões, sinto o impacto da queda. Sinto minhas pernas correndo em fuga, sinto minha fuga impulsionando as pernas. Olhos embaçados pela minha humanidade desumana. Pontos de vista sendo esclarecidos sem acepção, acepções de esclarecimentos sendo pontuados por uma visão. Continuo amando dias nublados, com uma chuva calma e um corpo cansado. Sorvendo as doses de uma realidade superficial. Continuo perdendo a calma, cansando a alma e nublando o amor dos dias contínuos. Quando a vontade desfalece, o animo adormece, o dia escurece, sinto-me condenado a uma rotina fria, cheia de compromissos, porém vazia. Fomos longe de todos os lugares mais próximos que se podia chegar a pé. Seremos todos redirecionados, cada um ao seu legado. Que toda essa fumaça se dissipe e de lugar ao esclarecimento, que toda vontade empenhe esforços para o crescimento. Todo sentido encontrado é como um texto abrigado e amontoado em meio a um vão palavreado. Todo texto sem sentido é como um monte de palavras que não encontrou abrigo. Quem não se deixa estagnar pela apatia, se movimenta em meio às dificuldades. Quem olha tudo com gratidão é um privilegiado, não deixa a mágoa estabelecer reinado no coração. Apesar de toda confusão de textos sem aptidão pra chegar a uma conclusão de fácil assimilação. Verdades que um dia serão. Palavras que um dia virão.