Tributo Nunca ninguém havia me chamado... odair flores
Tributo
Nunca ninguém havia me chamado dessas coisinhas que os mau amados dirão que é babaquice, tipo mimore, mo, querido e outras coisitas mais! Não lembro de alguém que cortasse seu sono, e levantando-se na cama se preocupasse com a minha insônia e se dispusesse a varar a noite ao meu lado sem dormir, nem que lembrasse de desenhar com requeijão, meu nome na lasanha feita com capricho! Não lembro de ninguém que segurasse tão forte minha mão, quando passeamos entre as pessoas, como a dizer-lhes - " estou sob o domínio desse homem" ! Impossível outra namorada, que é o que ela será eternamente para mim, que trate minha caçulas com tanta abnegação e igualdade! As vezes me surpreendo ainda por ouvir nos meus quase setenta anos, ela dizer-me coisas que minha mãe me dizia quando eu era criança:" Vou te espremer até sair suco", diz ela me abraçando ou, "seca bem as orelhinhas quando sair do banho" ou, "deixa que eu seco os teus dedinhos dos pés para não darem frieira", ou ainda, "não durma de cabelos molhados", "fica sentadinho ai que eu preparo o seu lanche"...Confesso que as vezes estranho esse carinho, essa ternura toda, mesmo porque, minhas "orelhinhas" são quase duas asas mal colocadas e os meus "dedinhos" estão mais para ganchos, encimados de unhas que o tempo escureceu... as vezes me pego rindo sozinho com as lembranças dessas coisas que devem fazer as feministas tremerem nas cuéquinhas! Hoje todo o meu machismo se encolhe diante dessa mulher inteligente, mas que por intuição sabe que não há laço que prenda mais do que a ternura! E eu, me submeto como cão fiél às suas carícias e suas vontades sabendo que no planeta inteiro não há e nem haverá mulher igual a ela...