Sobre a superfície residem todas as... Rafael Aguirra

Sobre a superfície residem todas as minhas desculpas
Sobre os meus passos, toda minha hesitação
Pra onde apontam os meus olhos, todos os meus bons motivos
Sobre os meus movimentos, todo o meu cinismo
No âmago do meu coração, toda a minha confissão
Sobre os meus pensamentos, o máximo de mim
Por entre os edifícios, abismos sem fim
Sobre a minha pele, a poeira da estrada
Sobre a minha lentidão, uma longa caminhada
Todos em minha volta em uma jornada rumo ao nada
Sobre toda a cabeça uma sentença traçada
Sobre todos os olhos uma escolha ofertada
Sobre toda consciência uma loucura confessada
Sobre toda vida a surpresa de uma morte já esperada
Sobre toda morte uma certeza incerta
Há um construtor, muito além do horizonte
Construindo uma ponte que nos leva até a fonte
Que esclarece as confusões que nos tiram o sono
Abre as portas do abrigo, faz cessar o abandono
Sobre a sua superfície, toda a razão de ser
Sobre os seus passos, a certeza de um abraço
Sobre os teus olhos todo o saber
Sobre os teus movimentos todo poder
No âmago do teu coração, o teu perdão
Sobre os seus pensamentos, o máximo de elevação
Por entre as nuvens, morada sem fim
Sobre a sua pele, o sangue derramado por mim
Sobre a sua lentidão, o reter da sua ira
Todos distantes de ti em uma jornada rumo ao nada
Não há como concluir, essa história terá fim no final da caminhada
No completar da verdade, no inicio da eternidade.