Meus olhos Pequenas faíscas Tentando te... Yao

Meus olhos
Pequenas faíscas
Tentando te incendiar

Mas será que você só é lama?
Lambuzada por este Eu?
Fétida de orgulhosos perfumes,
Sem nenhum frescor de um humilde charme?

O que eu vejo é uma flor
Escaldante formada por lindas labaredas
Cheia de luz

Mas que olhos gelados são esses?
Que tenta matar os meus,
Para o reservar dessa fornalha particular
Alimentada por sedas, toalhas de mesa e lençóis de tantos hotéis, festas e restaurantes.

Essas faíscas são de gravetos
Aqueles fáceis de achar e bom de queimar
Que qualquer criança sabe

Meu frio
É só desse chão
Resfriado pela madrugada
Boas são as batatas assadas nesses gravetos
No meio e na beira da noite
A céu aberto
Não ficam iguais as de forno nenhum

Mas vem
Chegue mais perto
Essa fogueira não é minha
Mas essas batatas são para você
E esse céu é para nós
Teu cabelo fica com cheiro bom
Temperado dessa fumaça
Deixa o frio dessa terra entrar nos teus pés
Para aquecer seu coração
Pois aqui é seguro
Não tem assombração
Nem mascaras e nem cadernos publicados

Os barulhos são dos gravetos
E o calor é do que se sente
Você sente?
Pare
Olhe bem
As faíscas
São centelhas
Se perceberes
Seus olhos faíscam também

Sem essa, desse jogo de ganhar ou perder
As faíscas mal pode se ver
Na verdade
São mera sensação de luz
De um instante

O que ofereço é essa pequena brasura
Você pode jogar nesse teu caldeirão particular
Infla-amando a si mesma
Mas se você entender
E soprar comigo
Podemos vê-la nascer
Consumindo nós dois
Nos sumindo em um fogo só