Muitas vezes me pego pensando nos nossos... Clarisse Medeiros

Muitas vezes me pego pensando nos nossos velhos e bons tempos, só sinto saudades... Éramos confidentes, fiéis, sempre sinceros com o outro, estávamos sempre juntos e nos amávamos incondicionalmente.

Eras meu anjo, eu era tua estrela-guia, hoje somos dois desconhecidos, nos cumprimentamos por educação... Entreguei-te as minhas pernas, entregastes-me teus olhos, seguramos as mãos e seguimos como um só... Abruptamente, resolvestes perceber o mundo de outra maneira, tomastes teus olhos de mim e não me devolvestes minhas pernas. Aqui estou, no escuro e sem poder me locomover. Achas justo? Entrastes na minha vida, fizestes parte da minha história, do meu cotidiano, dominastes meus sentimentos e simplesmente vai embora?

Em distintas ocasiões prendo-me a intentos não muito agradáveis... Será que me amavas como tanto gritavas? Eu posso dizer-te e provar-te que, de minha parte, convictos eram os meus sentimentos por ti, mas penso que, para ti, sou absolutamente prescindível. Tu persistes na caminhada, meu ex-amigo, enquanto vê com teus olhos e anda com minhas pernas, permaneço no mesmo local em que soltastes a minha mão: não sei para onde ir, ou se há algum sentido em seguir sozinha.




Pensando bem, vou reaprender a andar, reconstruir a minha vida. Roubar-te-ei as pernas que me tomastes e buscarei novas amizades... Espero que em um curto período de tempo eu possa retomar minha vida normalmente... Obrigada, tu me ensinastes que não cabe uma pessoa complacente como eu na atual sociedade. Superarei tudo o que fizestes comigo, serei feliz novamente, mas, para sua integridade moral, não aproxime-se de mim ao ver meu sorriso, pois a tua estrela apagou e ninguém precisa de um anjo torto.