Fenda dupla Algumas vezes me entorpece,... Leonardo Corrêa
Fenda dupla
Algumas vezes me entorpece, algumas vezes me envenena.
É transferível, a dualidade humana, aos objetos?
Às cidades?
Esse mesmo chão que me encanta em seu movimento, que me aquece, me conforta, o mesmo chão me afasta e me entedia, me angustia, me revolta.
Ou será que ele não muda? permanece estático, e eu, apenas eu me modifico?
O quanto do que eu sou resiste ao onde sou? o quanto o onde estou resiste ao que eu faço?
O quanto o que eu escolho, escolhe à minha volta, por outros? o quanto as escolhas alheias falam em mim?
Talvez o chão apenas se mexa, e é no movimento que exista a incerteza, vetores cruzados, e o estático seja um resquício, uma impressão.
E a vida se modifica quando se observa, enquanto se observa.
E eu observo!
Procuro o que corrobore meus vetores, enquanto tudo eu mudo, me muda, à minha volta.
Algumas vezes me enveneno, algumas vezes me entorpeço.