Rouba-me! Surge assim do nada e... SELDA KALIL

Rouba-me !

Surge assim do nada e rouba-me...
Rouba-me meu amor e ainda diz estar tudo bem ?
Ainda diz-se ser somente um empréstimo?

Tira de mim o meu pão...
E diz-se estar faminta?

Tira de mim minha água...
E diz-se estar sedenta?

Vem e rouba-me!
Rouba-me meu amor...
Ainda diz-se ser só por instantes?

Tira de mim meu cobertor, meu aconchego...
E diz-se estar com frio?

Um disparate, isto é abuso.
Quer simplesmente um uso.

Vai pegando, se apossando...
Sem questionar se há carimbo.
Rouba-me... Leva-me meu tesouro !

Atrevida, cangaceira...!
Vem de longe, sem eira nem beira...
Vai chutando, empurrando.
E rouba-me .

Eu não dei, não emprestei e nem vendi.
Chega-se uma pentelha...
E se apossa daquilo que construí.

Fui lá e tomei de volta.
É meu por direito !
Não empresto, não vendo e nem dou.

Aceno minhas mãos ao vento
Ele leva de volta este estrago passageiro
E lança-a onde tal merecer
Vai-te... Até nunca mais !
Cure os seus devaneios junto ao vento
E o vento rouba-te!

Selda Kalil