De onde menos se espera é de lá mesmo... Marinho Guzman

De onde menos se espera é de lá mesmo que não vem nada.

Toda vez que lembro da frase atribuída ao Barão de Itararé, penso no colega na faculdade de Direito do Mackenzie o Ugo Miano.
Foi dele que a ouvi pela primeira vez.
Também não esqueço o barril de vinho transformado em bar que ele me deu, que ficou na minha sala na Rua José Maria Lisboa 586 em São Paulo.
O Ugo não frequentou muito a minha casa, casou logo nos primeiros anos da faculdade e passou para o rol dos homens sérios.
Mas a casa da Rua José Maria Lisboa ainda permaneceu por mais de uma década, reduto dos solteiros e descasados jovens, uma mistura de gente com muita vontade de tirar da vida tudo o que de bom ela poderia oferecer.
Originalmente casa dos meus avós paternos, o imóvel sofreu dezenas de reformas e ampliações, inclusive incorporando o terreno vizinho. Tinha uns oitocentos metros quadrados de terreno e uns mil e duzentos de construção. Fora os puxadinhos.
O endereço era famoso. Tinha O Paparazzi, restaurante bar cujo lema era “Gente bonita se encontra no Paparazzi”. Criação dos amigos Vitinho Arouca, Costa, Chiquinho Ceni,Tico, Mendel, o primo dele e claro eu mesmo, o movimento de carros na porta parava o trânsito nas noites de sexta-feira e sábado.
A presença gente bonita e badalada era incrementada pelos sócios todos muito populares, das garotas bonitas que os acompanhavam e de um "extra-plus" que eram as moradoras do pensionato para modelos iniciantes que eu mantinha nuns cinco ou seis quartos do casarão. Às vezes chegavam a ser vinte!
Uma coisa puxava outra e o Paparazzi beneficiado pela presença das modeletes atraia outras garotas que tinham no mesmo endereço o Estúdio Marinho Guzman, sem falsa modéstia especializadíssimo na descoberta de garotas bonitas com sonhos de estrelato, isso muito antes dos models of the year que fizeram tanto sucesso anos depois.
Eu diria que para mim o casarão da Rua José Maria Lisboa foi o mais próximo do paraíso que eu com trinta anos poderia imaginar.
Tudo passa e tudo passou, apesar de trágicas e prematuras baixas, como o Alemão e do Paulinho Baixaria, dois entre tantos amigos que marcaram época.
Hoje dá para ver no Facebook dezenas de amigos da época e como cada um deles seguiu a sua vida, tendo constituído ou não família, muitos, bem-sucedidos ou pelo menos fazendo o que sempre gostaram.
Essa mistura de “atividades” não se enquadra no título, mas foi uma bela lembrança.
Na José Maria Lisboa por menos que qualquer um esperasse, quase tudo acontecia.