O NAVEGANTE Emergi no mundo em lago... Fernando Batista dos Santos
O NAVEGANTE
Emergi no mundo em lago profundo
De dias tristonhos e selvagens pegadas
Recorri a memória sem nada tocar
Descendo correntes e nascentes perdidas
Ouvindo a voz que a escuridão derramava
Nos espaços soltos que em mim ansiava
Afoguei-me no mar de ilusões e pedra de sal
Que escorriam nos rostos ao longo da costa
Fortes ventos que agora iriam conter
Puro delírio, fortes alentos espessos no ar
Procurei abrigo nas rochas cavernosas do coração
Em mil séculos despejei muita água no mar
Juntei-me ao horizonte e as almas perdidas
Enchendo-me de todo ímpeto de alegria
Embora as rochas que espetavam o coração
Não mais sentia, tudo se foi, com tudo eu iria.