Beco sem saída... Caminhos percorridos... Leila Onofre

Beco sem saída...
Caminhos percorridos e divididos, em círculo
busca a fuga afogada num pranto indefinido.
Porém, distante, o poeta, num deserto extingo,
papel casso e pena árida, num beco sem saída.
Enfadado no desânimo da inspiração varrida.

Arreliado num banco de areia, o sangue que flui.
Palavra que não escreve amor que não sente.
Definhado, canhoto caminha em circulo vadio,
suspirando em soluços por ter perdido a poesia;
essa que foi seu berço criativo da harmonia.

Pobre poeta arredio, enfermo se encontra sozinho.
Confinaram-se os amigos do dia e fugiram na noite
suas amantes e donas queridas.
Onde busco meu estro, aonde vou fenecido?
Sem conforto ou resposta, desacreditado, ferido.
Sem sopro ou vontade pensa na musa sumida
e na busca da aragem só lhe restou boêmias.

Pobre poeta arredio, no seu beco sem saída!
Perdeu sua poesia por ter-se valido da mesma
pra viver na alegria, da noite fria e romântica,
dos leitos da fantasia.

Oh querido poeta! Na beira da minha cabeceira
descansam seus livros de poesia e toda sua alegria
deixada no meu beco sem saída, que suas magicas
palavras o tornaram na minha travessia.

Poeta, você está sempre comigo.