Poesia da Manhã. Como quente é a... GoncalvesSa

Poesia da Manhã.

Como quente é a manhã e inspira.
De cânticos e odores que se diluem nos ares.
Os sensíveis que apreciam o som da lira
Que no seio dela trepida aos pares.

Queria desfalecer ao ver a louça natureza.
O último instante do poeta e beleza.
Não chamarei por ilusões escondidas
Que no ato derradeiro revelas corrompida.

Do orvalho que esconde a última agonia.
Do sol que brilha até a lua que irradia.
Não me deixe sofrer sem uma sinfonia,
Que me levará a notas de melancolia.

Mas a esperança é doce como a bela
Na qual ficarei a sua espera.
Percebendo a vida expandir como o vento...
Que no vale esquecido sopra a contento.

Esperaria pela mulher de face linda
Que caminha nos campos floridos,
E no mar cristalino ti chamava despida
Para uma tarde ou noite de amor incontido.

Respirava todo teu cheiro íntimo...
Dos odores mais lascivos
Ao menos percebidos.
Uma divina odisseia épica
Que me revirava no leito em gemidos.

Fulguras entre o sonho e realidade.
Entrelaçava o teu corpo nu por inteiro
O sexo dela unida ao meu em densidade...
A mulher deste sonho verdadeiro.

Esperava não acordar
Pra não deixa-la ir...
O céu com estrelas cintilantes
Que com a brisa do mar
Soprava o porvir.
Denunciava a primavera
Com o ar flamante.

Mulher bela!
Que me sentias dentro dela
No olhar de pedir amores,
E que recebia ardores.

Venha, venha sim, relaxar...
Nas ondas plácidas deste mar.
O teu corpo irei perfumar.
Bela do poeta que nunca irei deixar.

O teu amor sentirei em suspiros...
Em teus seios deitarei
Com o encanto dos amantes que admiro
No saciar da tua vontade te beijei.

As nossas vidas...
Juntas neste anoitecer
Que sempre há de vir.
E será doce o cheiro
Do amor na aurora
Que chegará a glória.

Não deixarei cair
Lágrimas dos teus olhos.
Nem uma lágrima perdida
Que inundara o teu rosto
Com o chorar da vida.
E me faz lembrar
Momentos de despedida.

Percebo as horas que se passam.
E nosso amor se fortalece.
Cantos dos trovadores
Estendem para uma noite
Que nunca se esquece.