Quando a velhice chegar ( se ela chegar... Por Odair B. F. Castilho

Quando a velhice chegar ( se ela chegar )quero ter no olhar a mesma vontade de tudo ver. e mesmo se meus olhos perderem o poder de ver o colorido do mundo, dentro de mim já está o colorido da vida. e minha imaginação se encarregará de colorir tudo ao meu redor.
Quando a velhice chegar continuarei contando os segredos do amor, pois o amor nunca morre no coração que decidiu viver amando. O amor é um impulso que supera o tempo e o desgaste físico que o tempo produz.
O amor é o cerne que permanece mesmo quando tudo de se desfaz ao redor. A velhice é como o inverno. As folhas caem e as flores ficam escondidas. Mas a vida continua desejando se manifestar. A vida continua intensa no tronco das arvores ou no fundo da terra esperando o momento de se manifestar em plenitude.
Quando a velhice chegar continuarei sendo útil. Onde há vida há utilidade. E mesmo que minhas mãos não possam ajudar, mesmo que meus pés não possam andar distancias, mesmo que o meu corpo se torne pesado, mesmo que meus ouvido se tornem duros aos sons do mundo externo e mesmo que os meus olhos se fechem ao brilho do sol, o coração poderá vibrar com a vida, com a experiência de anos de vida.
O coração terá sentido e guardado as sensações que passaram pelas mãos e as distancias percorridas pelos pés.
O coração terá guardado os sons das musicas muitas vezes ouvidas e o colorido do mundo na variedade das estações.
O coração viveu , gravou uma vida toda que penetrou pelos sentidos. E essa gravação se torna sabedoria da velhice.
A sabedoria que poderá ser transmitida através de uma palavra de bondade e de justiça, através de um conselho ou de um apoio, Através de um sim ou de um não que a vida ensinou a dizer.
Quando a velhice chegar desejarei colher os frutos de um tempo de criança que soube ser criança e viveu uma situação de criança.
A vida traça destino certo. Serei um velhinho tranquilo, puder ter uma infância feliz. Serei um velhinho amadurecido se minha juventude tiver sido idealista e realizadora. Serei um velhinho realizado , se em vida adulta não tiver perdido o sentido dos valores que não passam, dos valores que superam as fraquezas da vida.
Quando a velhice chegar ( se ela chegar ), desejarei ser feliz.