FALÁCIAS DE AÇAFRÃO A poesia caminha... Isabel Morais Ribeiro...
FALÁCIAS DE AÇAFRÃO
A poesia caminha avança sobre o calvário desfeita em nó
Maldito este círculo tão apertado perfumado de mortos
Oh morte que estiveste só por horas, dias, meses e anos
Cama de pés gelados, braços esticados com mil demónios
Falácias brotam no sangue, coração de renúncia e inquietação
Asas decepadas num sonho para impedir o voo no falatório
Excesso de vozes repetidas na alma, na mente, no corpo doente
Vagam pelo espaço desfeito no tempo sugam o mel do feitiço
Sonhos de fogo coberto de sangue, afrontando os nossos anjos
Na calada da noite, no próprio abandono, sente-se as garras de dor
O rufar dos tambores clamor de uma poesia feita de esquecimento
Oh ânsia que despertas o açafrão acorrentado, geleia do nosso ouro.