Amanheceu frio, névoa sobre o campo,... Wilton Lazarotto
Amanheceu frio, névoa sobre o campo, nuvens escondidas no céu, brisa gélida e um pouco de saudade. A via respirar fundo escondida nas cobertas, seus pensamentos vagavam longe, reconstruíam pedaços de lembranças com vontade de hibernar. O celular despertou e já era hora de levantar. Vestiu-se, maquiou-se, comeu rapidinho e saiu. Entrou em seu carro, deixou a sua casa, seguiu para o seu trabalho, seguiu em direção a sua vida. Ela não depende, não precisa, não implora ou sequer pede. Ela faz, ela corre, busca, tenta, arrisca. Talvez seus pais jamais imaginaram-na assim: acordando tão cedo e dormindo tão tarde, estudando e trabalhando tanto, mas trazem um orgulho imenso, pois a menininha se tornou mulher. E uma mulher exigente, já que dinheiro não a atrai, por que ela tem o próprio. Apartamento não diz em nada, por que ela já tem o dela. Status não diz se ele é tão bom quanto ela merece. O que antes a atraia agora sequer faz diferença. Ela quer conteúdo, alguém com pés firmes no hoje, mas deslumbrando do amanhã, alguém que a faça sorrir, faça-a feliz, faça-a sonhar. O frio chegou e ela também. Sem medo, sem cobrança, sem birras, simplesmente chegou. E foi tão longe que é melhor deixá-la passar, deixe-a seguir, pois na vida de uma mulher tão incrível um atraso pode lhe custar a lembrança de vê-la partir. Para uma mulher que aprendeu a voar homem é aquele que conquistou o céu.