É frio, muito frio. Noite gelada, o... Leandro M. Cortes
É frio, muito frio. Noite gelada, o coração descoberto,
A cama vazia, sem lençóis revirados,
Ou roupas espalhas pelo quarto.
Seminua à noite me faz companhia,
Ressente-se do calor do dia. É inverno,
Sussurra o pensamento aqui dentro.
Sobre a mesa restos do jantar, da sua estada,
Vestígios da sua passagem, procuro,
reviro a casa a procura do seu cheiro.
Como é bom seu perfume, sua essência.
É uma saudade com sabor de sobremesa,
A qual degusto entre pausas intermináveis.
Lá fora o vento confunde-se com o tempo esfumaçado,
Nublado, querendo chorar, lacrimejar,
Mas que ainda resiste em ceder.
Aqui dentro, interiormente o coração dança
Essa marcha fúnebre. Meus pêsames
Aos seus sentimentos, sussurra o pensamento.
O corpo ainda quente reluta em aceitar o fim.
Não a morte do amor, mas o termino,
A sua partida. O amor é assim,
naturalmente se acha naturalmente se perde.
Algumas coisas na vida são irrevogáveis,
Sem reversão e sem volta.