Um brinde aos solteiros, que recorrem à... Leandro M. Cortes
Um brinde aos solteiros, que recorrem à solidão. Aliás, a solidão é recorrente, é a reincidência no mesmo delito, no mesmo erro.
O estar só é diferente do ser só. Se é só por opção e, se está só por ocasião, falta de sorte, ou coisas da vida, do destino.
Estar solteiro é viajar literalmente ao pólo norte. É viver alguns invernos, amparado apenas por cobertores térmicos.
É recorrer ao ar condicionado naqueles dias de calor trepidante, na ânsia de refrescar, não o corpo, mas os pensamentos.
É ler e reler livros, ver e rever filmes românticos de amor, no desespero de acalmar os dramas internos.
Estar solteiro é tirar umas férias, depois de uma demissão, de uma rescisão, um acordo amoroso, em que se leva um percentual da relação.
Estar solteiro é viver essa gostosa liberdade provisória. É viver quase que um eterno desapego. Estar só é por vezes egoísta demais.
Estar solteiro é deixar de ser casulo e virar borboleta, abandonar o ninho, a rotina, a monotonia, a repetição, o que não voa mais.
Estar solteiro é um porre, regado a ressaca de amores, o suprir de carências e o preencher de buracos e vazios.
Estar solteiro é viver suas próprias DRs. É brigar e reconciliar consigo mesmo, sem intermediações.
Estar solteiro é definitivamente uma relação a dois com o eu interior, o eu e a indesejável solidão, que por vezes bate forte na alma e no coração.