Perdi a conta de quantas vezes já falei... Kevin Martins
Perdi a conta de quantas vezes já falei sobre bares.
Cheios de pessoas vazias - assim como a maioria dos lugares.
Ouvi um papo de "poeta", na conversa ao lado. O ser vestia roupas de marca, tênis de marca, mulheres que, aparentemente, estavam sendo bancadas por ele.
Amigo, um poeta de verdade não usa roupas de marca, pois ele não ligaria para isso. Ele não sai aos 7 ventos precisando gritar isso aos outros. Seu corpo grita. Muito mais que o corpo, a mente grita.
A moça se sentia obrigada a lhe fazer companhia. Visivelmente ela não estava confortável. Os olhos imploravam - com medo - que a tirassem dali. Mas foi escolha própria, ela se deu conta logo depois.
Talvez ela achasse que beber cachaça na rua, arrancasse sua essência. Sendo que só em cogitar a possibilidade, já se nota que sua essência é construída pela opinião dos outros.
Somos construídos pelos outros, também, mas principalmente por nossos tijolos.
Esses momentos fazem com que a ruga do meu riso, seja tecida sem ter valido a pena.
Esse amor nunca vai cobrar um pouco de colchão. Nunca vai ajeitar a gravata e roubar um beijo. Nunca vai fazer um café ruim e rir disso. Nunca vai sonhar longe - nem perto. Nunca vai cuidar da gata e passar talco. Nunca vai ser amor. Nunca vai ser.
As cobranças serão em dinheiro. As memórias serão em olhos alheios. Os vestidos nunca serão bem vestidos, mas bem tirados. Ela não vai voltar e te perguntar se ainda ta bonita. O sutiã nunca será esquecido. As vulgaridades serão comuns e o aperto no peito será amigo.
Eu sinto a dor por não se amarem.