O homem e o tempo No começo dos meus... Aristides Osório
O homem e o tempo
No começo dos meus dias
Quando ainda eu nem andava
Mal havia começado
A viver e já sonhava
Ter ao menos 5 anos...
Mas o tempo não passava.
Aos cinco já crescidinho,
Porém não me contentava,
Olhando as pipas no ar
Distraído eu pensava
Um dia vou ter 10 anos
Mas o tempo não passava
Na idade das peraltices
Quando 10 anos contava
Já não era com as pipas
Que agora me preocupava
Queria era ter 14 anos...
Mas o tempo não passava
Querendo entrar no cinema
O porteiro me barrava
O filme era p’ra 18
Com 14 ainda estava
Que bom se eu fosse mais velho...
Mas o tempo não passava
Aos 18, então soldado,
um rapaz eu já estava,
entre fuzis e canhões
porém ainda eu pensava:
chega logo 21...
mas o tempo não passava.
Finalmente já adulto
Com 21 eu estava
Mesmo assim insatisfeito
Algo mais eu desejava
Sonhava ser mais maduro...
Mas o tempo não passava
O tempo agia calado
Por isso eu não notava,
Já maduro após 40
Com o futuro não sonhava,
Pois via o tempo passando...
Como antes não passava.
Depois que o tempo passou,
Quando já velho eu estava,
Vivendo só de lembranças
Em meus cochilos sonhava,
Aí sim era feliz...
No sonho o tempo voltava.