Narciso Viver de aparências não desfaz... Douglas Rodrigues da Silva

Narciso

Viver de aparências não desfaz a verdade que você esconde.







Tão áspero e devastador quanto o sopro da tempestade

A desperdiçar as folhas,

Caídas e inanimadas,

O tempo se desmancha na insurreição das aparências.

O meu sorriso não é mais meu.

Reflexo quem sabe de outros rostos.

Quiçá a cópia fiel de outras personalidades.

Quão original pode ser o homem,

Irredutível em seus feitos,

Insondável nas atitudes,

Mas vaidoso em sua autocontemplação.

Vou além e digo insatisfeito,

Arrogante , sovina, individualista.

Indomável?

Seria pretensioso
assentir.

Sua pequenez o atormenta.

Somos limitados.

Criaturas à mercê da imensidão.

Prisioneiros de preconceitos,

Fruto da constância

De tudo saber,
No imaginário infantil

E adstrito

Frente a pluralidade do devir.

De encontro ao tênue tecido da (ir) realidade

Existe a razão.

Urge a desnecessidade ante a face de um novo dia?
A contemplação da vida é o fim máximo da existência.

Que sejam meus feitos resultado do esforço contínuo

Do meu conhecimento aplicado na utilidade e serventia adequada.

Que seja meu sorriso só meu.

Que minha opinião seja expressa na inocência da espontaneidade,

No jeito inconstante do inesperado,

Que chega de repente e surpreende.