Eu, com o gato aos pés, nem consigo... Kevin Martins
Eu, com o gato aos pés, nem consigo escrever direito - por mais uma vez estar bêbado e com os pulmões doloridos - lembrei dela.
Estou longe de casa e sentindo falta de um simples abraço, de quem quer que seja. Precisando de uma palavra amiga - mais uma vez - acendo mais um cigarro, dos tantos que fumei hoje.
Aquela moça, com os cabelos claros, de cor indecifrável, deve estar transando e roçando o rosto - lindo - na barba do seu amado.
Eu, que ouço Belchior às 5 da manhã, percebo que sou só mais um nesse mundo. E que mesmo tendo pouca idade, penso na finitude. Não, não é coisa de adolescente, nunca tive oportunidade de ser isso. A vida me calejou e esses calos doem.
Em breve a vida vai mudar, e mudar e mudar... Eu estou te esperando, vida, com um lágrima no abismo do olho, uma cerveja numa mão e um cigarro no canto da boca.
Cansei de dizer que estou cansado.
Ainda tenho muitas mulheres na vida. Mas dói em não ter nenhuma.