Calado Paz mental. É tudo que preciso.... Benicio Targas
Calado
Paz mental. É tudo que preciso. Somos capazes de encontrá-la em qualquer lugar, mas é preciso ser rápido, pois se disfarça nas sutilezas dos ambientes. Encontrei paz em um andar vazio. Havia uma cadeira que parecia ter sido feita por encomenda. Bebericava um café amargo. O ar condicionado era o único barulho, e era sublime e confortava meu coração. Encontrei paz em um bar restaurante maltrapilho. Havia uma mesa de sinuca que eu acabara de jogar. A cozinha estava fechada com uma placa acima “Visite minha cozinha”. Entornava uma cerveja morna. Uma barata desfilava sobre a placa serenamente e despreocupada com o ambiente, e naquela vez ainda estava relaxado, como se todo o barulho houvesse se tornado sussurros ao vento e eu conseguia filtrar o que gostaria de ouvir e ouvia consolos fraternos à entes queridos. Encontrei paz numa mesa empoeirada de madeira. Um jornal aberto numa notícia de meu agrado. Ingeria uma sopa para aquecer meu peito. Ouvia novidades de um velho amigo, enquanto observava um quadro com velhinhos sobre uma mesa, provavelmente descrevendo suas desventuras. Não deveria registrar nada, deixe que os outros registrem. Com o passar do tempo dizem que tudo vem à tona. O ruim, talvez tenha sido o bem. O desleixo pode ser sinônimo de felicidade. Paz mental. É tudo que preciso.
Cada vez que a abraço mais difícil se torna encontrá-la. Restou apenas acompanhar o passar do ponteiro do meu relógio, e talvez o silêncio reine novamente.