Eu lembro bem, ninguém estabeleceu uma... Annynha Rodrigues
Eu lembro bem, ninguém estabeleceu uma data certa ou marcou no relógio a hora exata pra ir embora de vez. Só fomos adiando aos poucos a conversa, e o “oi tudo bem” cada semana mais mecânico. As novidades que apareciam já não tinham razão de serem divididas: porque, sem convivência, que graça tem ficar compartilhando a vida? Que graça tem você ficar na plateia, quando na verdade eu queria você participando do meu espetáculo. Na verdade, acho que a gente foi se acostumando à ausência. E quando viu, já não se precisava mais.
Eu sei; é duro, é esquisito. Há bem pouco tempo isso nunca seria possível, nem naqueles pesadelos que levam embora o sono às 3h25 da madrugada. Mas quando não se faz mais questão de estar presente na vida do outro, o que se tem à fazer é simplesmente aceitar que embora um dos dois queria ficar, a partida já foi iniciada e não tem como consertar o que se foi quebrado. Sentimentos se esgotam, cansam. Você e eu bem que tentamos. Mas uma hora dessas, a gente se perdeu. Ou melhor eu cansei de esperar pelo o que de fato nunca foi meu.
Annynha Rodrigues