“Bonito mesmo é o não planejado, o que não se conta, não se...
“Bonito mesmo é o não planejado, o que não se conta, não se espera. A beleza real das coisas está em como elas chegam até nós, no último segundo do fim do tempo, no espaço curto que se prende entre o continuar e o desistir. A surpresa em si é bela, encanta os olhos e ganha o coração. O marcar a data, o pedir permissão, a alegria premeditada em cada segundo na agenda não arranca de nós o sorriso mais verdadeiro. Perde-se a graça. Festeiro é o beijo que foi roubado, o esbarrar na rua com aquela pessoa que há muito não se via, o ganhar algo sem motivo nenhum. Façanha da vida é essa, esses presentes momentâneos de ser pego no pulo do gato e gargalhar até a barriga doer. E eu gosto disso, dessa alegria de fim de tarde que te arrebata a alma num simples telefonema não previsto, desses instantes que se escapam da agenda e se instalam no peito, provocando em nós um súbito sentimento de euforia, uma enorme reconhecimento de que vale a pena continuar. Porque o belo ainda existe.”