O Fluxo da Vida, seus Afluentes e o... Idelson Mafra
O Fluxo da Vida, seus Afluentes e o Propósito
Apesar do fluxo constante de um rio, seu volume poderá variar
As vezes o período é de cheia, o que pode arrastar alguns galhos
os galhos trancam onde o rio possui gargalos estreitos ou pedras
obstáculos naturais e transformadores da paisagem que lhe abriga
Quando há seca, aproveito para caminhar de pés descalços
sentindo o leito do rio e limpando-o, tirando as folhas e os galhos
entendendo-o muito aos poucos, olhando-o com perícia em suas partes
Algumas tão profundas que com água se fazia impossível enxergar
A natureza é imprevisível, não se pode antecipar
Não podemos prever se haverá cheia ou vazante
nos resta aceitar seu fluxo e sua lei, sempre constante
aproveitando cada momento, pois todos são importantes
A água, em sua leveza consegue polir a mais dura rocha,
Bastando que o tempo e a permanência lhe permita fazer
O Rio traz consigo pedras oriundas de vários locais
Faz e desfaz sua própria história, se transforma mantendo a essência
Tal é o paradoxo que apesar de ter seu fluxo, não conhece o caminho
A água, que é sua composição, perpassa o rio sem saber para onde vai
mas algumas partes desta mesma água já traçaram o mesmo caminho
mas este conhecimento nunca é igual, porque já não é a mesma água
Justo pela sua constância e permanência, nem o próprio leito do rio lhe apraz
pois suas margens mais frágeis, assoreadas pela força, faz a água transbordar
Graças a sua natural fragilidade, o rio ganha novo rumo, uma nova esperança
O afluente que nasce é o novo propósito levando a água limpa a onde não tem
Onde desemboca o rio seria o nosso propósito, grandioso, consciência maior
Parte de nós que faz e se desfaz, ficando cada vez mais limpa ou mais densa
dependendo da fase que está, sendo todas elas importantes para o processo
Nada está tão junto que não separe, nada está tão separado que não se una
Nada é difícil quando a calma nos permite experimentar
Nada é perigoso quando respeitamos sua majestade
Nada é frio o bastante quando adaptamos nosso corpo
Tudo é possível quando não há pretensões temporais a calcular
Tudo é coerente quando não se julga suas fragilidades e leis
Tudo é constante quando se considera o seu funcionamento
Tudo é divino quando entendemos seu propósito