Alea jacta est Fui perguntado sobre os... Augusto Matos

Alea jacta est

Fui perguntado sobre os riscos de se praticar ciclismo no trânsito de uma metrópole ou de alguma outra grande cidade.
Calei-me.
Pensei e respondi:
— É muita gente normal dando vida a um trânsito anormal, o qual tantas vezes causa neuroses e tira vidas.

Mas, que saída se tem? Se mudar para Amsterdã ou Copenhagen? Tais cidades, em certos contextos, têm mais bicicletas do que carros no trânsito...
É possível ser cidadão do mundo, identificar-se com o que de bom há em cada hemisfério, continente, país, região.
Mais ainda, pela fé cristã, temos cidadania celeste, não havemos de nos conformar com este mundo, mas lutarmos para não nos degradarmos nele. Nem que isso custe abstinências e/ou isolamentos. Nesse ideal, também somos reputados como ovelhas para o abatedouro, numa causa aparentemente perdida.
Microdigressão: de onde foram extraídos, por exemplo, os personagens Capitão Nemo, de Julio Verne; Robinson Crusoé, de Daniel Defoe; Dom Quixote, de Cervantes; Príncipe Míchkin, de Dostoiévski?
É preciso respirar fundo e tocar em frente, especialmente de bicicleta...
Mas, respirar fundo, no sentido literal, implica interiorizar nos pulmões o ar impregnado de partículas poluidoras do ar, lançadas por carros, motos e ônibus, estes últimos ícones do transporte de massa, tido como solução plausível aos caóticos congestionamentos. Assim como existem fumantes passivos, há os inalantes passivos da poluição, sejam eles ciclistas, pedestres ou os próprios motoristas, estes últimos acabam dando "tiro nos pés"...
A tecnologia da eletricidade para motores de carros, ônibus, trens, motos e bicicletas existe, já está bem desenvolvida, acompanhada da tecnologia do hidrogênio veicular. Até existem carros movidos a ar!
Então, como podem ser lançadas diariamente na atmosfera toneladas de poluentes via escapamentos?
Quero pedalar e respirar algo melhor! E depois, expirar, inspirar e transpirar mais saúde...
Ou será que, para contrabalancear, terei que cuidar ainda mais da alimentação já repleta de antioxidantes e depurativos? Chega-se num ponto em que não basta alimentar-se de forma saudável, praticar uma sadia atividade física e dar uma parcela de contribuição ao desafogamento do trânsito.
A lei do consumismo e do mercado, além de manter combustíveis fósseis sendo queimados, acresce mais veículos no trânsito a cada dia, as ruas e avenidas não se expandem na mesma proporção, ao passo que a lei da Física diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Portanto, conflito gerado, polêmicas disputas de interesses e opiniões, enquanto o futuro (já apocalíptico) do planeta está em jogo.
Epílogo: pensamento latino, Alea jacta est (a sorte está lançada).