Trasbordava aspirações de menino. Um... Kléber Novartes
Trasbordava aspirações de menino. Um pouco triste e um pouco feliz interpelou-se com certa severidade sobre quem se tornará. O reflexo do homem no copo de cerveja, posto numa mesa externa da taberna, em parte era motivo de orgulho e noutra de repulsa, ambos amenizados pelo jazz e blues ao fundo. A esperança que vinha em goles sussurrava alguma coisa em tom baixo e que ele traduziu por conta própria como sendo uma segunda chance, e, sem saber se ainda era a esperança ou outro que lhe falava traduziu novamente, por contra própria, que essa chance não deveria ser usada como as outras, portanto não deveria regredir nenhum milímetro, se entregar a nenhuma saudade, não consertar nada no passado. Era advertido a seguir seu destino. Tal qual um marinheiro que depois de ter aprendido a navegar por instrumentos e quase indo a pique, se viu no meio do oceano perdido e precisou confiar na sua intuição como fazia quando era menino e saía a navegar sem saber que isso era ser marinheiro.