O tempo corre diferente pra mim, escapa... Helom Egídio
O tempo corre diferente pra mim,
escapa pelas minhas mãos, arredio e apavorado,
piedade, pede o eterno escravo de saturno,
há muito que ainda não escreveu,
lhe desce uma dose de álcool,
lhe sobe uma gastrite emocional,
eu não quero mais dormir, a vida me parece curta,
pago um terço da vida de castigo num limbo quase sem fim,
pra sonhar com amores utópicos atemporais,
mas és me velho e sem tempo algum,
no fundo de cada risada guardo um homem amargo,
nisso que sou cabe ser menino, e cabe ser homem,
beirando surtos diarios de profunda solidão,
sempre há mais trabalho pra ser feito,
servos do deus-tempo não tem tempo pra sofrer,
não há reparos que possam ser feitos,
enxugue as lagrimas e corra atrás,
corra sem parar jamais,
mesmo assim eu quero me sentar,
e ao menos uma vez deixar o rio fluir em paz,
pra destruir tudo que possa encontrar,
não mais racional, não mais emocional,
apenas mais um fato consumado tatuado no tempo,
"não quero mais seguir assim".