O amor, abusado e espaçoso, que entra sem bater na porta e se...
O amor, abusado e espaçoso, que entra sem bater na porta e se instala é o mesmo amor, egoísta, que vai embora e leva tudo com ele. Leva o que ele construiu, o que já encontrou pronto e leva -principalmente- todos os espaços entre os dois ex-amantes. Veja só, não coube sermos amigos, não couberam programinhas num fim de semana parado. O clima pesado de te olhar e não te pertencer me angustiava, o alívio de estar feliz por estar fora de nós me esmagava. Acho que o fim de nós, também rompeu os laços, quem diria? Sempre acreditei que não. Sempre preservei a ligação especial que a gente tinha, apesar e acima de qualquer outra coisa. Mas a ligação se desligou, é uma pena. Um pouco triste nosso tudo ter se transformado em coisa tão pequena, numa história pra contar. E, hoje em dia, nem me soa como uma história bonita. Que ironia. Tanto estrago e tanto grito pras paredes. Tantas palavras que cortavam mais do que a navalha mais afiada desse planeta. Viramos cicatrizes. Odeio não ser capaz de começar a falar de você, sem terminar falando de dor. Mas não te odeio não, viu? Queria dizer que te perdoo, de verdade. Talvez não por merecimento seu, mas pelo mesmo motivo que perdoei todos os outros e vou perdoar todos os próximos: porque amor é tudo que eu tenho pra dar. Porque só sentimentos bons ficam guardados no meu peito. Se você foi um imbecil, tudo bem, foi, tá feito. Mas sou tão amor, que sou incapaz de odiar.