A POESIA E A SOLIDÃO (B.A.S) A poesia e... Bartolomeu Assis Souza

A POESIA E A SOLIDÃO (B.A.S)

A poesia e a solidão sempre tiveram uma certa afinidade. O momento solitário sempre foi rico para o poeta, o filósofo e o místico.

Schopenhauer costumava dizer que a semana tem seis dias de sofrimento e um dia de tédio. As pessoas se escravizam demais no trabalho e terminam aprisionadas no tédio no último dia.

A nossa sociedade moderna perdeu a unidade, a mística, o olhar mais belo. Nos aprisionamos no capitalismo, liberalismo e outros "ismos". Com isso nos afastamos do utópico para reverenciar o "status quo". Como dizia o filósofo alemão Heidegger, nossa época é caracterizada pelo esquecimento do "ser". Nossas aspirações modernas são o "ter". Possuir cada vez mais e mais. Com isso um vazio existencial se instala em nós, destruindo-nos lentamente.

Precisamos acordar rápido para reavivar o Belo em nós. O homem moderno perdeu a capacidade criativa, gerada de si mesmo, perdeu sua identidade, sua singularidade, e mais, perdeu sua liberdade.

Valorizar a cultura, as artes, a criação espontânea, a religiosidade, a poesia são caminhos viáveis e alegres.

Enfim, as grandes mudanças ocorrem no silêncio, no vazio, na simplicidade. É preciso aquietar-se, mesmo que por um breve instante, e ouvir os versos que a vida nos dia. Dizia Rollo May: "Toda história do homem é um esforço para destruir a própria solidão".

(Bartolomeu Assis Souza, Jornal Lavoura e Comércio, Uberaba, 28/07/2001, Caderno Especial A-07)