A Fortuna havia me escapado. Passou dois... Raniere Gonçalves
A Fortuna havia me escapado.
Passou dois ou três dias
pastando lá na vargem do meu vizinho.
Foi um custo trazê-la de volta.
Tive de fechar todo o gado no curral
para depois ir no encalço da danada.
Eu chamando e ela negaceando,
desconfiada, astuciosa.
O jeito foi esperar o tempo dela.
Ao se ver sozinha foi beirando cercas
até emparelhar com o gado fechado.
Abri a cancela e ela entrou.
Agora estou mais tranquilo.
Passarei meu dia mais confortado.
Embora um pouco mais magra
a Fortuna está de volta aos meus domínios.
Poderei por fim tomar minha Pirassununga
sossegado.
Foi um presente dos Santos Reis
protetores das minhas mimosas.
E da barra do Piancó.