Deus não deu-me um coração Doou-me um... edsonricardopaiva
Deus não deu-me um coração
Doou-me um novelo de lã
Talvez amanhã
Ele Mude
Me ajude a entender o sentido
de ter perdido o remo desse barco
que segue e navega sem rumo
Eu tento, mas não me acostumo
Nem mesmo a força destas águas
Podem manter no Prumo
O fio de lã orienta-me o Norte
Mesmo assim, não há porquê
Como um rio
A vida me leva, ao sabor da Sorte
Qual Teseu sem labirinto
Por não ter um coração
Não entendo a razão
Desta aflição que me vem
E este medo exauriente
Existente em meu novelo
Que pulsa sem ninguém
Qual fosse uma pedra de gelo
Gelo quente
Em água corrente
Coisa que existe
Sem razão
Novelo de gelo
Que segue
Prossegue
e me impele
A fingir que ainda sou gente
Todo dia
de Manhã