O último soluço. Por vezes ela chorou... Wilton Lazarotto
O último soluço.
Por vezes ela chorou calada, desabafou com o travesseiro, culpou-se por completo, julgou-se imatura, tola, medrosa, mas não tomava atitude, não arriscava, não dava um ponto de recomeço, pois final seria ainda mais triste. Ela tinha a torina diária de sofrer, chorar, ter medo, não se encontrar, mas de tantos pesares ela ainda fora capaz de estampar um sorriso, vestir sua melhor roupa, seu solto mais chamativo e mostrar, todos os dias, o quão forte e incrível ela é. Ela, enfim, esvaziou o armário, as gavetas, as cômodas, tirou os entulhos, jogou fora os passados e junto dele pessoas. Foi difícil, deu medo, mas ela o fez. E foi a melhor atitude, por que agora ela vive o que sempre quis viver. Esteve só, suas escolhas afastaram alguns, a fizeram se arrepender em alguns momentos, temer em outros, mas no fundo fez certo. Hoje aconteceu-lhe a melhor coisa que pode acontecer na vida de uma mulher: alguém entrou em sua vida e do nada tornou-se tudo aquilo que ela precisava. Foi desistir de uma vida morna, de lágrimas e inseguranças para, enfim, saborear a beleza de uma vida intensa, de amor e novos sonhos.