Não dá. Posso começar falando isso?... Laís Heidemann
Não dá. Posso começar falando isso? Foi como ela veio falar comigo no domingo a noite. Fiquei meio perdido. Pedi uma frase com mais sentido, ou com um “oi” antes, no mínimo. E ela “Oi.. Olha só, não dá”. Pensei que fosse ironia, implicância. Mas acho que ela só estava tentando ser objetiva. Embora tenha sido tão fria quanto as cervejas que eu tinha bebido um dia antes, juro que a imaginei com olhos lacrimejando e um semblante de quem quer acreditar que seja o melhor. Ela veio dando “oi” no maior clima de “adeus”. Controvérsias de só quem presencia o término de relacionamento sabe. Foi estranho. Eu não sei explicar sobre isso. Até porque relembrar é auto-tortura. Mas posso dizer que foi uma droga ir pro bar e saber que ela não reclamaria de eu ter ido de novo no meio de semana por não conseguir sossegar em casa. Ela entendia que era meu jeito, mas gostava de implicar com essas coisas só pra demonstrar que se importava, e eu gostava do modo como ela fazia isso. Não sei mais se gosto, se sei gostar. Não sei se eu ainda gostaria de ler em seus lábios a pronúncia do “eu te adoro” dito pra mim em bom tom. Mas eu sei que ela se arrepende. Me avisando que sentia falta e eu apenas dizendo que não esperava isso dela. Óbvio que não esperava. Acha que dá pra terminar e depois voltar dizendo que a saudade apertou e vai tudo regredir? Eu sinto muito mesmo. Falei que poderia vir conversar comigo quando precisasse da minha amizade, mas “melhor não” disse ela. Fui simpático, já que ela se encontra em uma parte da minha vida. Só que como antes não tem como voltar a ser. Desculpa, mas não dá.