Vivemos em uma geração de... Leticia Ayala
Vivemos em uma geração de estereótipos, com padrões de beleza que rotulam as pessoas. Ou se é magra, bonita, com uma pele impecável, ou então você é a gorda, esquisita, desengonçada. Ou se gosta do que todos gostam, do que está na moda, ou você é antiquado e velho. Ou você usa roupas caras e de grife, ou você não faz parte do grupo dos "populares" da escola. Eu sei bem o que é isso, nunca fui do grupo dos populares, nunca fui um padrão de beleza admirável e muito menos nunca gostei do que os outros gostam e do que está na moda, por esse motivo, sim sempre fui a esquisita.
Sempre odiei ser igual a todo mundo, ter o pensamento igual o de todos, sempre fui meio "do contra" e defendia minhas ideias. Gostava de ler enquanto as outras garotas gostavam de dançar, gostava de assistir jornal enquanto as outras garotas assistiam à novela, gostava de falar sobre política, socialismo, literatura, enquanto as outras garotas gostavam de falar de moda e de garotos. Por ser assim tão antiquada para a minha idade, as vezes preferia o silêncio, ficar sozinha comigo mesma.
Mas sempre fui muito curiosa e debatedora, sempre me indagava: Afinal porque tenho que ser igual a todos? Porque tenho que agir como todos agem, sorrir se eu não quero sorrir, fingir que gosto quando não gosto, porque não posso simplesmente ser eu? Bom, a resposta eu ainda não tenho ao certo. Talvez seja porque as pessoas tenham medo de revelar quem elas realmente são, do que elas realmente gostam, com medo das críticas, dos olhares de desaprovação. Mas até onde isso tudo é sadio?
Por que rotular pessoas se não somos mercadorias? Porque julgar pela aparência se não vemos o interior?
Meu caro leitor, creio eu que isso não vale a pena. Pois quanto tempo é perdido tentando ser alguém que os outros querem que sejamos, sendo que não somos felizes. É necessário nos soltarmos das amarras da sociedade, que dita, ainda que invisivelmente padrões de vida e estilo, e enxergarmos que não somos produtos de consumo, somos pessoas, com vontades, desejos, gostos, e é isso é perfeitamente normal. O mundo tem mais de milhões, bilhões de pessoas e nenhuma delas é exatamente igual a outra. É a nossa peculiaridade que nos tornam pessoas únicas, e não há nada de errado nisso. Louco seria se todos nós fossemos fantoches que fazem, dizem e pensam o que o governo e a mídia querem. Somos seres racionais, com um poder absurdamente grande, para sermos tão pequenos a ponto de acharmos que devemos ser iguais. Devemos ser iguais, sim, em direitos e obrigações, sem vantagem nem desvantagem por qualquer que seja o motivo. Mas não em relação a nossa personalidade, a nossa individualidade.
Que possamos SER mais do que TER, que possamos valorizar mais o CONTEÚDO do que a APARÊNCIA.