JANELA Os pedaços de minha janela são... CARLOS ALMIR FERREIRA
JANELA
Os pedaços de minha janela
são os mesmos que choram
as minhas verdades,
enquanto o azul de minha praia
são meus olhos azuis,
que choram vendo o brilho da tarde.
Minha janela é minha vida,
uma vida azul e pensante,
talvez seja uma janela
sem parede ou teto,
mas com o pensamento enorme,
que voa junto com o pássaro azul
no peitoral da janela.
Assim, meu vôo é sem limites,
é o ser ou não ser...,
é a vida de uma garça,
que voa sem graça sobre o azul do mar.
Eu não tenho mar,
mas tenho janela,
de onde tiro e onde coloco o que quiser:
mar, montanha, árvore, geleira
e uma besteira qualquer.
Minhas vontades estão no ar,
não há como fugir;
basta abrir a janela e por ela olhar;
se estou triste, dá para um abismo;
se não, dá para o mar.
Triste do homem que não cria,
pois este não tem janela para olhar.