À alguns dias trás eu encontrei... Paulo Del Ribeiro
À alguns dias trás eu encontrei alguém que por algum motivo, acho que especial, o qual já tentei de todas as formas descobrir, à pelo menos seis anos vive lá dentro de mim, mas a qual também sempre a mim me foi indiferente. Apenas nos olhamos e seguimos o nosso caminho, eu sozinho e ela com alguém. Mas, contudo, voltei pra casa me dando conta naquele momento, que eu consigo sim sobreviver sem esta pessoa e o quanto a vida é bela, tão cheia de gente bela, com superioridade e maturidade suficiente pra entender que quem nos ama merece pelo menos uma atenção especial, uma atenção que possa até nos fazer entender que talvez estejamos equivocados com relação a aquele sentimento que hora desprendemos sem saber a esta ou à aquela pessoa.
Sabe-se que a indiferença é uma característica própria de alguém que se comporta com ausência de interesse, falta de consideração aos sentimentos alheios, com apatia, frieza, insensibilidade, que não se deixa influenciar pelo sentimento de alguém e nem tão pouco responde ao mesmo, sem saber ou se dar conta de que o maior pecado ou erro não é odiar alguém, mas sim trata-lo com a indiferença, ainda mais quando este alguém o deseja da forma mais plena, ou até mais simples, absoluta e sincera, aquela forma que conduz ao mais nobre dos sentimentos, o amor.
O desprezo incomoda e muito. Mas no fundo o desprezo é apenas um calo que aperta e dói quando a gente calça o sapato apertado do orgulho. É sim uma forma até covarde diante da vida, diante de qualquer semelhante. Mas o que nos maltrata de forma mais acirrada e dolorida é quanto estamos ardendo de boas intenções, ardendo de certa paixão sombria, de carinhos, de desejos por alguém e somos envolto então no gelo da indiferença. Este sim é o castigo maior que se pode impor a outra pessoa, onde não há tortura ou masmorra que nos possa machucar mais e tanto, profundamente. É assim como um algo corrosivo que nos faz desintegrar por dentro e mesmo assim desintegrados até a alma, nos tornamos cegos a ponto de ainda estar ali entregues à própria escuridão e querendo sem saber por que aquela tal pessoa.
Foi exatamente isso que descobri, se aquele alguém que você endeusa tanto é indiferente a você, ela própria está renegando a sua existência, ela está deixando de aceitar algo que poderia ser muito bom ou até mesmo muito ruim, mas como saber se ela própria esta negando um trecho do seu destino e se tornando lá no fundo sombria com ela mesma, deixando de aceitar daquela pessoa uma explicação plausível, deixando aceitar os bons sentimentos do estar ali, do sentir-se amada, da chance de ser feliz, de estar presente no mundo se entregando e não negando as oportunidades de saber exatamente se vai ser bom ou ruim. De deixar nas mãos de Deus, do destino, enfim.
É próprio do ser humano ser indiferente no seu dia, indiferente ao porteiro do seu prédio, ser indiferente aos problemas da sua cidade, da sua casa, ser indiferente aos acontecimentos do mundo, a uma criança que está no abandono, indiferente às estações do ano, ou seja, indiferente a muitas coisas na vida, sejam elas boas ou ruins.
Por isso, pensando assim, é que entendi que temos que aprender a sobreviver e a não sentir mais falta de alguém que nos é indiferente. Esta pessoa que procure, procure, e procure muito lá dentro dela mesma o porquê que ela própria se maltrata, se maltrata desta forma tão rude e por fim não sede aos encantos cheio de poder do diálogo, do respeito pelos sentimentos do outro, do entendimento, mesmo que não seja pra ficar, pra amar aquela pessoa, mas sim pra ser justa com ela mesma e com quem a venera tanto. É preciso saber que quando empregamos em nossas vidas a indiferença por alguém, acabamos conseguindo apenas aquilo que no fundo desejamos, ser esquecido por aquela pessoa. E o pior, é descobrir isso quando já for tarde demais! (Paulo Del Ribeiro)